
Segue abaixo:

Isso ai me foi dito por um ciclista veteranissimo fardado a rigor e classico com quadro de aço e tudo, perto de Rocha, na saida do segundo dia da viagem, eu parado na beira da Ruta 9 tirando uma foto, e ele passando, treinando.Esta pérola se tornou o mote do passeio e ficou ressoando no cérebro nos momentos mais dificeis. Mas tudo começou no dia anterior quando peguei o onibus para o Chui às 6 da manhã. A Embaixador cobra 5 "pila" pra levar a bicicleta, não quis discutir, mas acho picaretagem pois é bagagem pessoal também. Imediatamente ao chegar , montei o equipamento e me fui pra aduana, onde havia uma enorme fila de veiculos e pessoas e onde demorei cerca de uma hora a fim de fazer o "permisso". Logo estava na Ruta 9, calorão e "Eolo" ajudando e assim foi até fechar o tempo e cair uma chuvinha refrescante por cerca de 30km, depois solaço de novo. A estrada neste trecho ainda é bastante plana assim que pelo meio da tarde cheguei em Rocha, fazendo 140 km no dia. Bastante cansado pelo calor desgastante e pouco sono na noite anterior, fiquei no primeiro hotel que achei, no trevo de acesso da cidade, com restaurante e supermercado perto, tudo que eu queria, e o melhor de tudo é que o quarto tinha ar condicionado a 21º! Nesta noite comi uma pizza e tomei uma Pilsen de litro pra comemorar.
O segundo dia começou mal, calorão cedo da manhã, vento contra e pernas pesadas. Nestas horas tem que ir com calma e paciência, foi aí que ouvi o titulo do texto vindo de quem vinha, e o condicionamento mental começou a mandar, e a coisa foi indo. Porém a estrada começou a enrugar e os "repechos" começaram a aparecer, e como no dia anterior fechou o tempo e começou a bem vinda chuva, que se estendeu por uns bons 50 km's, refrescando a máquina e fazendo a pedalada render muito mais, agora também com "Eolo" a favor. Assim que a meta do dia era cento e poucos km's até "Pan de Azucar", porem cheguei lá cedo da tarde e muito bem fisicamente, resolvi continuar, fazendo neste dia 160 km's até um balneário chamado "La Floresta", na Ruta 1, chamada interbalneária. No caminho assisti a passagem de um rally de carros antigos, com varios MG's, Mercedes, Simca, Alfa Romeo e um Corvete dos anos 70, é o tipo de coisa que só no Uruguai mesmo.Nesta altura restavam menos de 60km e resolvi procurar um hotel para "quedar la noche". A parada ja estava praticamente ganha, tomei um banho, fiz um chimarrão e fui caminhar na beira do mar. Nesta noite jantei um "chivito" com uma jarra de um bom vinho tinto uruguaio chamado "Vodu", brinquei com o cara do restaurante se o vinho não era do Haiti, pois lá é que é a terra destas macumbas ("santerias" em espanhol). Ah! E tem também os varios "pomelos" que tomei pelo caminho... O terceiro dia amanheceu chovendo a "cantaros", derramando de balde. Bom, pensei, está perto e posso esperar. Assim, lá pelas 09:30 parti com uma chuvinha no "lombo", depois de ingerir um "Yogur Conaprole" de meio quilo. Nesta região já se está na área metropolitana de Montevideo, com supermercados, indústrias e placas proibindo o trânsito de bicicletas, que ninguém dá bola. Entrei na cidade pelo inicio da "Rambla", que percorri inteiramente até a área do porto, onde subi para a praça do Artigas, que é o marco zero da cidade e do país. Cheguei aí com 360 km's pelo meio dia, encerrando o trecho de deslocamento. O resto do dia foi gasto com passeios pela "Rambla" e pelos belos parques da cidade com uma visita ao velódromo, que estava ocupado com espetáculos do carnaval deles, que não é na rua e sim em ambientes fechados, e como era feriado estava tudo fechado. Em compensação, pouco trânsito nas ruas e ótimo para pedalar.
Foi um passeio maravilhoso e dá vontade de continuar.