25 julho 2011

Pedalando até Ushuaia

Nesta segunda-feira (25) o casal curitibano de ciclistas Gil e Luisa dará início a uma aventura que deve durar cerca de seis meses, partindo de bicicleta rumo a Ushuaia, cidade argentina capital da província da Terra do Fogo, também conhecida como “La ciudad más austral del mundo”.

Cicloterras/Arquivo Pessoal / Casal no pedal: Gil e Luisa vão de bicicleta até o extremo Sul do continente



Após mais de um ano de preparo e planejamento – que inclui o estudo do relevo, clima e direção dos ventos durante o trajeto – eles partem levando na garupa mais de 20 kg de bagagem cada um – além da disposição para encararem, sob duas rodas,a travessia de desertos, montanhas e outros grandes desafios até chegarem ao extremo sul do nosso continente.
“Mas a viagem é muito mais do que apenas a aventura”, pondera Luisa. Para ela, além do objetivo político implícito de divulgar a bicicleta como meio de transporte – viável até mesmo para percorrer grandes distâncias --, a jornada também oferece uma discussão filosófica mais profunda sobre o significado do tempo na sociedade contemporânea.
“É uma maneira de quebrarmos esse conceito do tempo, que rege todas as relações da nossa sociedade. Em uma viagem de carro, a distância a ser percorrida representa uma barreira a ser superada até que se chegue ao destino final. Já com a bicicleta, a importância deixa de ser o ponto de chegada e passa a compreender todo o percurso”, explica a ciclista, que trancou o curso de Ciências Sociais na Universidade Federal do Paraná (UFPR) para poder tirar suas próprias conclusões sobre tempo, sociedade e pedaladas.

Já Gil deixou seu emprego de engenheiro mecânico e aplicou seus conhecimentos no projeto da viagem. “Tentamos construir, fazer e adaptar tudo aquilo que foi possível com soluções caseiras”, revela Gil, que costurou a mão os alforjes, adaptou o bagageiro dianteiro das bicicletas, fez um par de capas de chuva impermeáveis e arquitetou mais uma dúzia de improvisos que lhes serão úteis durante a viagem.
Escolher os equipamentos que serão levados, segundo ele, é um grande desafio em função do peso. “É preciso levar tudo o que você imagina que vai precisar, mas não pode se esquecer que aquilo vai representar peso extra na hora de pedalar. Dá a impressão de que tudo é leve, mas quando você põe tudo junto na bicicleta, percebe que não é bem assim”, diz.
O objetivo, revela o ciclista, é chegar em Ushuaia em meados de janeiro – durante o verão do Hemisfério Sul --, a tempo de pegar o calorzinho da região, quando a temperatura média gira em torno dos 5ºC.
Mas, e depois? “Ninguém sabe! A viagem pode continuar, subindo e passando por outros países da América Latina”, explica Luisa.
A aventura do casal poderá ser acompanhada através do blog Cicloterras, que eles pretendem alimentar durante a jornada, "quando for possível".

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