08 outubro 2013

Relato de Brevet 200 km's Teutônia Ciclismo: Lúcio Lima

   Encarar uma prova, e um desafio como foi o brevet de 200 km's do Teutônia Ciclismo, não é para qualquer um, superação pura. E conversar com a galera que participou de eventos como este, motiva ainda mais a nossa participação, exemplo disso é este relato, que recebi do Lúcio Lima, que encarou e completou este brevet:




Grande Heron

Primeiramente quero agradecer a você e toda a turma pela paciência em me aguardar e tambem pela companhia, vocês são 10, nota 10.

Fiz um relato da minha prova, dê uma olhada, grande abraço.

AUDAX 200 TEUTÔNIA A Prova de Teutônia foi complicadíssima em termos de subidas, não teve quem não sofreu com a subida de Imigrante e com as outras tantas, nem sei quantas eram, mas eram muitas.Eu cometi muitos erros, começando por escolher uma MTB ao invés da Speed, com a qual sempre fiz as provas, subestimei a prova ou subdimensionei o equipamento para a prova ou as duas coisas. Outro erro foi ter colocado um bagageiro na bicicleta para levar uma “mala” cheia de “inutilidades”, a começar pela carga nutricional de 4 barras de cereal, 2 pacotes pequenos de amendoim salgado, 2 barras pq de chocolate recheada com banana, 5 saches de gel tipo glicose, 2 mandolates, 13 (isso mesmo treze) tijolinhos de bananada e um trident, pra dizer que não usei nada comi uma parte de um nutri , foi uma estupidez. Na mala tinha até cobertor térmico, pra que isso num dia quente e durante o dia.  O pneu que usei, reaproveitado de outra bike, era 26 X 1,5, pneu grosso demais para uma prova como esta. O bagageiro com toda o conteúdo estava pesando 5 quilos, peso morto, a única coisa que usei foi um par de chinelos havaianas que levei para poder subir a rampa de 4 quilômetros de imigrante pois sabia que não iria conseguir subir pedalando e andar à pé com a sapatilha de speed é muito complicado, valeu à pena, obrigado havaianas. Ainda para ajudar, o bagageiro, emprestado do amigo Tocha começou a bambear, pois uma das borrachas saiu e tive que colocar uma borracha de camara de ar para fixá-la, o que demandou um tempo precioso que não precisaria perder caso não o tivesse levado.Outro erro que cometi foi acreditar nos organizadores que disseram que quem chegasse ao Borsoi, um restaurante na rota do sol que era o PC3 teria feito a prova, o pepino estava só começando, pelo menos pra mim.Voltando ao inicio da prova, no trecho urbano bem longo não dava pra desenvolver muito devido ao numero de participantes (mais de 300), tinha trechos de paralelepípedos e até uns 400 metros de terra batida, sem contar a estrada sem acostamento, o que te obriga a ficar ligado o tempo todo e isto também desgasta bastante. Depois deste trecho vinha a BR, logo parando no PC1, aos 32 km, estrada em obras, com o acostamento bastante prejudicado com a sujeira que a obra faz. Quando chegamos próximo da entrada para Colinas, em Estrela, comecei a fazer conta e falei para o meu Companheiro Edison que teríamos que sair do PC3 no máximo às 11:00hs, pois o PC4 fechava às 13:35hs e tínhamos o trecho de subida que demandaria no mínimo uma hora de caminhada, sobrava um trecho de 24 quilômetros onde existiam outras subidas e uma hora e meia para completar.Em Colinas, fizemos uma parada técnica no PA, e também perdemos um tempo precioso que quase fez falta.Chegamos no PC4 pouco antes das onze e saímos de lá 11:10hs, dez minutos depois do que eu tinha planejado, e fez falta.Depois do PC4, andamos uns cinco quilômetros e chegamos ao pé da subida de Imigrante, nem tentei subir, já parei, tirei a sapatilha e coloquei as havaianas, foi uma longa caminhada de aproximadamente 4 quilômetros, ladeira acima e carregando uma bicicleta com mais de 20 quilos, isso foi muito desgastante. Paramos no meio para pegar água de uma mina que estava bem geladinha apesar de bem suja, usei depois para jogar na cabeça.Já na Rota do sol, começamos bem, tinha algumas boas descidas e comecei a acreditar que daria tempo, mas logo começou a subir e foi quando falei para o Edison, baita companheiro, para ele ir sozinho, tínhamos que salvar alguma coisa já que ele estava se sentindo muito melhor do que eu. A principio ele não foi, mas quando viu que teria condições de pegar o PC4 no prazo e que eu talvez não conseguisse, ele foi embora, nestas alturas faltavam em torno de 5 a 10 quilômetros, não sei bem, só sei que sofri um bocado para chegar lá, e quando estava quase chegando ainda tive que incentivar um outro colega, ele tinha parado e disse que estava esgotado, e que não daria tempo de chegar a tempo, eu falei pra ele que provavelmente eles dariam um credito no tempo e que depois, na descida, a gente recuperaria, fui falando com ele e até gritando quando me distanciei um pouco e ele acabou subindo e pedalando, chegamos uns 5 minutos atrasados mas a voluntaria disse que dariam mesmo um credito e que o próximo trecho era só descida (e eu acreditei) e a gente recuperaria. O Edison já tinha chegado e com o Passaporte Devidamente “Carimbado” resolvemos almoçar, uma alimentação salgada faz muito bem, aprendi isso no Audax 300 de Porto Alegre.No inicio do quarto trecho, PC3 a PC4, foi só alegria, tivemos um trecho com aprox. 8 ou 9 quilômetros de descida, umas poucas subidas até voltar à Rota do Sol e mais uma longa decida na Rota do Sol, mas o pior estava pra acontecer. Chegamos ao PC4 com tempo, restava agora menos de 50 quilometros pra fazer e um tempo de aprox. 3 horas, a principio parece moleza, mas com 150 km nas costas, aquela bike pesada com pneus grossos, comecei a ficar preocupado, teríamos que chegar no PC5 até às 18:17hs. Entramos no acesso secundário para Teotônia e começou a aparecer subidas complicadas, ninguém contou sobre isso, aquelas estradinhas sem acostamento que acompanham o relevo, e que relevo FDP. Não contei quantas subidas foram só sei que algumas delas tive que subir toda ou parte andando, já não tinha forças para pedalar nas subidas. O Edison ia bem, sempre um pouco na frente, mas sempre me aguardando, e foi quando falei para ele ir embora pela segunda vez mas ele achava que daria tempo e foi ficando.Chegamos a Teutônia nem sei que horas eram, ainda faltavam 18 km até o PC5, que fechava às 18:17hs, comecei a ter certeza de que não daria caso o trecho tivesse muitas subidas. O trecho urbano tinha uma subida longa, mas nem tanto inclinada e já entramos na estrada para o Poço das Antas, que dava acesso ao PC5. A estrada não era de todo ruim, não tinha subidas inclinadas demais mas o tempo estava curto, o pessoal que estava retornando dizia que o trecho era tranquilo e que na volta o vento estava a favor, que daria tempo, o duro foi chegar no PC5. Quando vi que a Viola esta quase quebrando falei novamente para o Edison ir embora, não queria que ele perdesse o breve por minha causa, falei que não iria desistir, e foi quando comecei a pensar na minha mãe, que com toda a sua religiosidade me ajudasse a completar a prova, tirei forças não sei de onde, começou a me dar aquela dorzinha de lado devido ao excesso de esforço, mas o que era aquela dorzinha comparada a todas as dores, nas pernas, nos braços, nos pés, no traseiro, nas mãos e a paixão e a determinação foram tomando conta da razão, superando tudo e fazendo acreditar que seria possível sim completar a prova. Cheguei no PC5 cinco minutos antes de fechar, o Edison disse que tinha chegado a pouco e saímos quase que imediatamente, ainda faltavam 18 km para o final e uma hora e dez minutos, tínhamos que fazer uma media de 15 por hora, o que não era totalmente impossível, pois fazemos medias de 20 por hora nos treinos aqui em Bagé, só que naquela hora o desgaste era grande.Falei de novo para o Edison ir embora, pois não sabia o que iria acontecer naquele final e ele seguiu na frente. No inicio teve uma subida em Poço das Antas, mas logo melhorou, comecei a ver que estava pedalando hora a 25 hora a 15 e comecei a enxergar uma luzinha no fim do túnel, embora ainda não acreditasse no sucesso devido ao grande desgaste físico. Aos poucos fui percebendo que estava pedalando com uma media acima de 15, o que me deu forças novamente para acreditar que seria possível, pensei novamente na Mamãe e tirei novamente forças das minhas ultimas reservas, pedalando, pedalando, pedalando, e cada vez mais acreditando. Finalmente enxerguei a torre de telefonia que tem na Cidade, faltavam ainda 20 minutos para encerrar e acreditei ou quase tive certeza de que obteria sucesso. Os dois ou três quilômetros restantes foram de pura emoção, certeza de que eu tinha dado o máximo de mim ou até mais que o máximo e quando estava na esquina do hotel ainda fui surpreendido pelos companheiros de Bagé com uma gritaria, o Heron até imitou um carro de policia para que os carros me deixassem passar primeiro, e deu certo, eles estavam na Van que nos traria de volta, torcendo pela minha chegada, senti que todos ficaram alegres com o meu sucesso. Completei o Breve em treze horas e vinte e um minutos, nove minutos antes do tempo permitido, qualquer detalhe que tivesse acontecido como um pneu furado ou problema mecânico teria estragado esta festa.Daí foi partir pro abraço, o Edison deve ter chegado uns 10 minutos antes de mim, parabéns a esse grande guerreiro e companheiro, que tanto incentivei a fazer essa prova, e que a fez com louvor, agradeço a sua companhia, a sua paciência, a suas palavras de incentivo e lhe digo que não vou esquecer nunca essa prova que permitiu a você demonstrar a sua amizade que nunca será esquecida e espero poder corresponder com a minha amizade também. Abraços a todos. LúcioTeutônia, 06 de outubro de 2013

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